
Saiba o que é picão preto, conheça suas características e como realizar o manejo
O picão-preto é uma erva daninha bastante comum no Brasil, se destacando duas espécies principais: Bidens pilosa e Bidens subalternans. Esta planta está entre as infestantes mais problemáticas para trabalhos de ciclo anual.
Suas sementes podem permanecer viáveis no solo por 3 a 5 anos. A planta também pode hospedar nematóides dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus.
Hoje vamos entender mais sobre o que é picão-preto, suas características e como realizar o manejo.
Índice de conteúdo
Características do picão-preto
Conhecida cientificamente como Bidens pilosa, o picão-preto é uma planta herbácea disseminada pela América tropical e por regiões da África. Ela apresenta um crescimento rápido e pode ser encontrada em várias áreas ao longo de todo o ano.
Uma de suas principais características é a reprodução exclusivamente por sementes, que são geradas em grandes quantidades. A temperatura ideal para sua germinação é em torno de 15°C, enquanto temperaturas superiores a 35°C geralmente são fatais para a planta.
Embora o picão-preto não dependa da luz para germinar, ela tende a germinar mais rapidamente na presença dela, o que caracteriza sua fotoblasticidade positiva em alguns casos. Suas sementes, que podem se estabelecer em profundidades de até 10 centímetros no solo, têm uma longa vida e podem germinar até cinco anos depois.
Além disso, o picão-preto é motivo de preocupação para agricultores, pois infesta cultivos de forma intensa e contínua, operando ainda como hospedeiro para vários vírus, nematóides e fungos.
A planta é ereta e pode atingir entre 20 centímetros e 1,5 metro de altura, com um crescimento acelerado e produção abundante de sementes.
O picão-preto também é considerado uma planta medicinal, cujas propriedades são anti-inflamatória, antioxidante, relaxante muscular e antimicrobiana, ajudando a tratar infecção urinária, reumatismo, diabetes, hipertensão, malária, dor no estômago e herpes.

Fonte: https://www.agrolink.com.br/problemas/picao-preto_13.html
Histórico da resistência
O picão-preto já foi um grande desafio para os agricultores, sendo a primeira planta daninha com resistência documentada no país.
1993 – B. pilosa apresentou resistência aos inibidores de ELA (enzima acetolactato sintase), incluindo Imazethapyr, imazaquin, pyrithiobac, chlorimuron e nicosulfuron.
1996 – B. subalternans desenvolveu resistência aos mesmos inibidores de ALS (Imazethapyr, chlorimuron e nicosulfuron).
2006 – B. subalternans mostrou resistência tanto aos inibidores de ALS (Iodosulfuron e foramsulfuron) quanto ao Fotossistema II (através da atrazina).
2016 – B. pilosa tornou-se resistente aos inibidores de ALS (Imazethapyr) e ao Fotossistema II (através da atrazina).
Antes da introdução da soja RR, os herbicidas com ação sobre ALS e Fotossistema II eram essenciais para o manejo de plantas de folha larga em soja e milho, especialmente no estágio de pós-emergência.
A partir de 2006, com a propagação da soja RR, o controle do picão-preto nas plantações de grãos foi facilitado pelo glifosato, que controla eficazmente mesmo as plantas maiores.
Entretanto, o alerta para os produtores brasileiros surgiu com a descoberta de picão-preto resistente ao glifosato no Paraguai.
Devido à proximidade com o Brasil e ao tráfego intenso de máquinas e implementos agrícolas na fronteira, essa resistência é uma preocupação crescente para a agricultura brasileira.
Como fazer o manejo do picão-preto
O manejo do picão-preto é mais eficaz durante a entressafra, quando há maior variedade de herbicidas disponíveis. O ideal é aplicar em plantas que estejam no estágio de duas a quatro folhas para melhorar o controle.
O período de entressafra favorece um manejo mais completo do picão-preto, permitindo a utilização de um maior número de herbicidas. O manejo é mais eficaz em plantas de 2 a 4 folhas, aumentando as chances de controle.
Herbicidas pós-emergentes
- 2,4 D
Essa opção é eficaz em um manejo sequencial, geralmente combinado com outros herbicidas sistêmicos. Recomenda-se um intervalo de 1 dia entre a aplicação e a semeadura, observando a deriva para áreas adjacentes.
- Glifosato
Excelente para controlar plantas pequenas, utilizado na primeira etapa do manejo sequencial em associação com herbicidas pré-emergentes.
Este herbicida controla bem plantas menores, no estágio de 2 a 4 folhas.
- Glufosinato de amônio
Indicado para plantas pequenas ou como parte de um manejo sequencial, sendo eficaz no controle de rebrota em plantas mais desenvolvidas.
Eficaz em plantas de 2 folhas e na rebrota de plantas maiores.
- Triclopir
Utilizado em aplicações iniciais de manejo sequencial, sempre em combinação com outros herbicidas sistêmicos, exigindo um intervalo mínimo de 20 dias entre aplicação e a semeadura de soja.
Saflufenacil
Usado em solos arenosos com menos de 30% de argila, mantendo um intervalo de 10 dias entre a aplicação e o plantio de soja.
Herbicidas pré-emergentes
- Flumioxazin
Oferece controle residual do banco de sementes quando aplicado no outono como parte da primeira etapa do manejo, combinando com herbicidas sistêmicos.
- Sulfentrazone
Apresenta controle residual e é recomendado em áreas com infestação de tiririca, sendo aplicado na primeira etapa do manejo outonal.
Manejo na pós-emergência em soja e milho
O controle do picão-preto na fase de pós-emergência na soja é geralmente menos eficaz, pois há poucas alternativas disponíveis e estas apenas restringem o crescimento da planta.
No entanto, em cultivos de soja e milho transgênicos (RR), o glifosato mantém boa eficiência no controle da planta invasora. Ainda assim, recomenda-se a alternância entre princípios ativos para evitar resistências e atenção ao monitoramento de fugas após a aplicação.
Soja: Linhagens Enlist (resistentes a 2,4-D colina, glifosato e glufosinato de amônio) e Xtend (resistentes a dicamba e glifosato).
Milho: Linhagens Enlist (resistentes a 2,4-D colina, glifosato, glufosinato de amônio e haloxyfop).
Conclusão
O picão-preto continua sendo uma das principais ervas específicas que afetam as culturas de soja e milho no Brasil, exigindo estratégias de manejo cada vez mais sofisticadas devido à sua rapidez e adaptação aos herbicidas.
A introdução de novas variedades resistentes a herbicidas oferece uma oportunidade promissora para controlar essa planta de maneira mais eficiente e sustentável.
No entanto, é essencial que os produtores adotem práticas de manejo integradas e rotacionem princípios ativos, evitando o desenvolvimento de novas resistências e garantindo a eficiência dos herbicidas no longo prazo.
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Assistente de Marketing na Connectere Agrogestão. Atuo com Marketing Digital desde 2020 e atualmente sou responsável pela redação de artigos na Connectere.