Calagem do solo: Um passo para a agricultura sustentável

A calagem do solo é uma prática agrícola que visa corrigir a acidez do solo, proporcionando um ambiente mais propício para o desenvolvimento das plantas. Este processo desempenha um papel importante na promoção da saúde do solo e no aumento da produtividade agrícola.

Neste artigo, exploraremos os fundamentos da calagem, seus benefícios e a importância dessa prática para a agricultura sustentável.

O que é calagem do solo?

A calagem corrige a acidez do solo, faz com que as plantas aproveitem melhor os nutrientes e promove o aumento da capacidade de troca catiônica. 

A acidez do solo é medida pelo pH, e a escala varia de 0 a 14, sendo 7 considerado neutro. Solos abaixo de 7 são ácidos, enquanto os acima de 7 são alcalinos. A maioria das plantas prefere um pH ligeiramente ácido a neutro para otimizar a absorção de nutrientes. Quando o solo é muito ácido, a calagem é utilizada para aumentar o pH.

A principal substância utilizada na calagem é o calcário, que contém carbonato de cálcio. Ao aplicar calcário ao solo, o carbonato de cálcio reage com íons de hidrogênio, neutralizando a acidez e liberando íons de cálcio. Essa reação resulta na elevação do pH do solo, criando um ambiente mais favorável para o crescimento das plantas.

Benefícios da calagem do solo

• Melhora da disponibilidade de nutrientes: Solos mais alcalinos facilitam a absorção de nutrientes pelas plantas. O cálcio liberado durante a calagem também contribui para a estrutura do solo.
• Estímulo à atividade microbiana: Muitos microrganismos do solo preferem ambientes menos ácidos. A calagem, ao reduzir a acidez, promove a atividade microbiana benéfica para a decomposição da matéria orgânica.
• Aumento da eficiência de fertilizantes: Solos corrigidos pelo calcário tendem a reter melhor os nutrientes, reduzindo a lixiviação e aumentando a eficiência do uso de fertilizantes.
• Promoção do desenvolvimento das raízes: A neutralização da acidez e a melhoria na estrutura do solo permitem um crescimento mais eficiente, resultando em plantas mais saudáveis e resistentes.

Procedimentos para realizar a correção do solo

O primeiro passo consiste na obtenção de amostras do solo em duas fases distintas.

 A primeira coleta deve ser realizada após a colheita de verão, enquanto a segunda deve ocorrer após o término das chuvas (em culturas perenes) ou antes do preparo do solo (em culturas anuais). 

A etapa seguinte envolve a determinação do tipo e da quantidade adequada de calcário. Em seguida, é necessário calcular os custos da seguinte maneira: dividir o custo total do cálculo pelo poder relativo neutralizante total do corretivo e multiplicar o resultado por 100.

A aplicação deve ser realizada três meses antes do plantio, com a distribuição do calcário a lanço e sua incorporação ao solo, atingindo uma profundidade de 17 a 20 centímetros de maneira uniforme. 

No caso do sistema de plantio direto, o corretivo calcário deve ser aplicado superficialmente, sem incorporação, ao contrário do cultivo convencional, no qual a aplicação é incluída juntamente com aração e gradeação.

Tipos de calcário para correção do solo

A correção do solo pode ser realizada com uma variedade de tipos de calcário. O calcário proveniente da rocha calcária pode ser classificado da seguinte forma: 

• Calcário de granulometria fina;
• Calcário magnesiano, com teor de MgCO3 entre 10 e 25%;
• Calcário dolomítico, com teor de MgCO3 acima de 25% e  teor de cálcio inferior;
• Calcário calcítico, com teor de MgCO3 abaixo de 10% e teor de cálcio superior.

Além do calcário da rocha calcária, existe uma cal virgem, obtida através da queima ou calcinação total do calcário. Devido à sua ação imediata, a aplicação da cal virgem deve preceder o plantio, do contrário, pode prejudicar os microrganismos, as sementes e as plântulas devido ao calor gerado.

Não podemos ignorar a hidratação da caloria (ou extinta), também de ação imediata, derivada da hidratação da caloria virgem. Trata-se de um tipo de calcário muito fino e, portanto, não é aconselhável para aplicação a lanço em condições ventosas.

Existe também o calcário calcinado, igualmente fino e posicionado entre a cal virgem e o calcário, resultando da calcinação parcial ou total do calcário. Ele pode ser categorizado em dolomítico, calcítico e magnesiano.

Outra variedade de calcário é a escória básica da siderurgia, um subproduto da indústria do aço e do ferro. Além de possuir alto teor de cálcio, magnésio e silício, a escória siderúrgica contém ferro, fósforo, enxofre, manganês, zinco e outros minerais com teores menores.

Por fim, temos o carbonato de cálcio, obtido através da moagem de sambaquis (formações compostas principalmente por conchas de moluscos, formadas ao longo de milhares de anos), corais (organismos marinhos primitivos) e carbonato de cálcio. Sua ação no solo se assemelha ao calcário da rocha calcária.

Como realizar a correção do solo?

A coleta de amostras para análise do solo deve ser representativa e realizada em duas fases:

• 1ª etapa: imediatamente após a colheita de verão;
• 2ª etapa: pouco antes do preparo do solo para culturas anuais e após o término das chuvas para culturas perenes.

Definição do tipo de calcário

Uma análise do solo fornecerá informações para a escolha do tipo de calcário, considerando características como teor de magnésio, entre outras.

Quantidade de calcário

Utilize fórmulas específicas, explicadas posteriormente no texto, juntamente com a análise do solo, para determinar a quantidade adequada de corretivo.

Compra do produto

Para avaliar se o custo de um determinado calcário e seu transporte são viáveis, siga os passos:

• Calcule o custo total do cálculo na propriedade (incluindo o frete) em reais.
• Divida esse valor pelo poder relativo neutralizante total do calcário (PRNT)e multiplique o resultado por 100.
• Aplique essa fórmula para diferentes opções de calcário com custos de transporte variados e escolha do menor custo específico.

Exemplo:

Calcário 1: Custo total = R$ 2.200, PRNT = 80%, Custo Efetivo = 27,5

Calcário 2: Custo total = R$ 2.350, PRNT = 90%, Custo Efetivo = 26,1

Mesmo sendo mais caro, o calcário 2 compensa seu custo.

Aplicação

Realize uma calagem geralmente três meses antes do plantio da cultura.

• Distribuir o calcário a lanço e incorporado uniformemente ao solo, atingindo de 17 cm a 20 cm de profundidade.
• No cultivo convencional, a aplicação é incorporada com operações de aração e gradação.
• No sistema de plantio direto, a aplicação é superficial, sem incorporação, sendo importante o uso de calcário finamente moído para uma ocorrência mais eficaz.
• A calagem superficial, embora não tenha efeito rápido na redução da acidez do subsolo, atua ao longo dos anos no plantio direto, minimizando os conflitos em camadas mais profundas do solo.
• Se houver um período distinto de chuvas e seca na região, faça a calagem antes do término do período chuvoso, garantindo tempo para as mudanças benéficas ao solo antes do próximo ciclo de chuvas.
• O processo de calagem envolve a aplicação do calcário ao solo, geralmente por meio de equipamentos agrícolas. A quantidade de calcário necessária depende do tipo de solo, do nível de acidez e do tipo de cultura a ser cultivada. A análise do solo é fundamental para determinar a dose adequada.

Embora a calagem seja benéfica, é importante considerar alguns aspectos. O excesso de calagem pode tornar o solo excessivamente alcalino, prejudicando as plantas. Além disso, diferentes culturas têm requisitos específicos de pH, e esses devem ser levados em consideração.

A calagem do solo é uma prática agrícola fundamental para promover a saúde do solo e aumentar a produtividade agrícola. Ao corrigir a acidez do solo, a calagem melhora a disponibilidade de nutrientes, estimula a atividade microbiana e contribui para o desenvolvimento saudável das plantas. 

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