
Entenda a importância Plano de Contas Rural e como elaborá-lo
O Plano de Contas Rural é uma ferramenta essencial para o controle financeiro e contábil das atividades do setor agropecuário. Ele estrutura e classifica os ativos, passivos e contas de resultado de uma propriedade rural, oferecendo uma visão clara e detalhada das operações financeiras e contábeis
A seguir, exploraremos o que é um plano de contas rural, sua importância e como implementá-lo de forma prática.
Índice de Conteúdo
O que é o Plano de Contas Rural?
O Plano de Contas Rural é uma estrutura organizada que categoriza todas as movimentações contábeis da propriedade. As transações são registradas pelo método de partidas dobradas, onde cada débito possui um crédito correspondente de igual valor.
Para elaborar um Plano de Contas Rural eficaz, é fundamental adaptá-lo às particularidades do negócio, considerando seus bens, obrigações, receitas, custos e despesas. Ou seja, o plano deve refletir os processos agrícolas, ciclos de produção e outras características únicas do setor rural.
Além de facilitar o registro e o acompanhamento de todas as movimentações financeiras, é indispensável para a criação de indicadores contábeis formados a partir do balanço patrimonial e do demonstrativo de resultado.
Princípios das partidas dobradas
Equilíbrio Contábil:
- Cada operação contábil reflete duas perspectivas: origem (crédito) e destino (débito).
- Isso mantém a equação patrimonial sempre balanceada:
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
Débito e Crédito:
- Débito: Representa a entrada de recursos.
- Crédito: Representa a saída de recursos.
Regime de caixa e competência
Os regimes de caixa e competência são formas diferentes de registrar transações financeiras na contabilidade. Cada um oferece uma abordagem distinta para reconhecer os lançamentos contábeis, dependendo do momento em que ocorrem as transações financeiras ou econômicas.
Regime de Caixa
- Como Funciona:
- As receitas são reconhecidas quando o dinheiro entra no caixa (recebimento).
- As despesas são reconhecidas quando o dinheiro sai do caixa (pagamento).
- O foco está na liquidez e no controle financeiro (fluxo de caixa).
- Exemplo:
- Uma venda realizada em janeiro, mas paga em março, será registrada no regime de caixa apenas em março, quando o pagamento foi recebido.
Regime de Competência
- Como Funciona:
- As receitas são reconhecidas no momento em que são geradas, independentemente de quando o pagamento ocorre.
- As despesas são reconhecidas no momento em que são incorridas, mesmo que o pagamento seja feito depois.
- O foco está na performance econômica do período.
- Exemplo:
- Uma venda realizada em janeiro, mas paga em março, será registrada no regime de competência em janeiro, pois é quando a receita foi gerada.
Quando usar cada regime?
- Regime de Caixa:
- Ideal para controle financeiro de contas a pagar, recebidas, a pagar e a receber (fluxo de caixa).
- Utilizado para a apuração do imposto de renda de produtor rural pessoa física, lembrando que existem exceções.
- Regime de Competência:
- Necessário para elaboração de demonstrações financeiras como DRE e Balanço Patrimonial e seus indicadores contábeis.
- Essencial para analisar o custo das atividades produtivas.
Importância do Plano de Contas Rural
Além de permitir conhecer a realidade econômica da fazenda, com a organização de informações relacionadas aos ativos e passivos, ela auxilia o agricultor a visualizar quais são os pontos positivos e negativos do negócio.
Dessa forma, é possível planejar e adotar estratégias que visem à melhora dos resultados da fazenda, conheça os benefícios:
1. Controle financeiro
Permite ao produtor rural acompanhar de perto as entradas e saídas de recursos financeiros, auxiliando na identificação das fontes e usos dos recursos..
2.Tomada de decisão
Com uma estrutura contábil organizada, o produtor pode tomar decisões embasadas nos indicadores de liquidez, rentabilidade, endividamento e operacionais. Cada indicador oferece uma perspectiva única sobre a saúde financeira e operacional da fazenda, permitindo uma visão completa e integrada do negócio.
3. Análise de desempenho
Proporciona uma visão geral da saúde financeira da propriedade, permitindo avaliar quais atividades são mais rentáveis e onde os recursos estão sendo gastos de forma menos eficiente.
4. Planejamento e crescimento
Facilita o planejamento financeiro e a definição de metas, tornando possível projetar o crescimento do negócio de forma sustentável.
O Plano de Contas rural
1. Estrutura Básica
.O plano de contas é dividido em 3 grupos principais, que refletem as categorias de contas da contabilidade:
- Ativo: Representa os bens e direitos. Exemplo:
- Ativo Circulante: Caixa, contas a receber, estoques.
- Ativo Não Circulante: Imobilizado e investimentos.
- Passivo: Representa as obrigações. Exemplo:
- Passivo Circulante: Fornecedores e empréstimos de curto prazo.
- Passivo Não Circulante: Empréstimos de longo prazo.
- Patrimônio Líquido: Refere-se aos recursos próprios da empresa, como capital social, reservas e lucros acumulados.
- Resultado:
- Receitas: Representam os ganhos da empresa, como vendas de produtos, prestação de serviços ou receitas financeiras.
- Impostos e encargos sobre vendas: São as retenções
- CPV – Custo de Produto Vendido: representa os custos diretamente associados à produção que foi vendido durante um determinado período
- Custos: São os gastos diretamente relacionados à produção
- Despesas: Referem-se aos gastos necessários para a operação do negócio, como despesas operacionais, administrativas e financeiras.
- Receitas não operacionais: são valores recebidos pela fazenda que não estão diretamente relacionados à sua atividade principal ou ao objetivo principal do negócio
Organizar as contas do maior para o menor grau de liquidez não é apenas uma convenção contábil, mas uma prática que torna a gestão financeira mais eficaz e alinhada com as melhores práticas do mercado
2. Estrutura Hierárquica
Um plano de contas segue uma hierarquia para organizar as informações de forma detalhada. Essa hierarquia inclui:
- Classes ou Grupos (1º Nível): Dividem as contas em categorias amplas, como Ativo, Passivo, Resultado.
- Subgrupos (2º Nível): Detalham as classes, como Ativo Circulante e Ativo Não Circulante.
- Contas (3º Nível): São as categorias específicas dentro dos subgrupos, como Caixa, Clientes, Fornecedores.
- Subcontas (4º Nível): Detalham ainda mais as contas, como Caixa Geral, Banco Conta Movimento.
3. Código de Identificação
Cada conta no plano de contas possui um código numérico que facilita o registro e a consulta. A estrutura do código é sequencial e reflete a hierarquia das contas, outro ponto
Exemplo:
1. ATIVO
1.1 ATIVO CIRCULANTE
1.1.1 DISPONIBILIDADE
1.1.1.1 CAIXA
1.1.1.1.1 Caixa escritório
1.1.1.1.2 Caixa do Marcelo
1.1.2 CONTAS TRANSITÓRIAS
1.1.2.1 Acerto
1.1.2.2 Relação de troca
1.1.3 BANCOS
1.1.3.1 CONTAS CORRENTES
1.1.3.1.1 Banco do Brasil – Marcelo – C/C
1.1.3.2 CONTAS APLICAÇÕES
1.1.3.2.1 Banco do Brasil – Marcelo – C/A
4. Contas sintéticas e analíticas
Na contabilidade, contas sintéticas (também chamadas de contas de controle ou contas de nível superior) podem ser representadas com letras maiúsculas, mas isso não é uma regra obrigatória. O uso de maiúsculas é mais uma convenção adotada para facilitar a distinção entre contas sintéticas e contas analíticas (as mais detalhadas).
Exemplo:
- Conta Sintética: CUSTOS COM DEFENSIVOS
- Contas Analíticas:
- Fungicida
- Herbicida
- Inseticida
- Biológicos
- Adjuvante
Exemplo de Estrutura Simplificada
1. ATIVO
1.1 ATIVO CIRCULANTE
1.1.1 DISPONIBILIDADE
1.1.1.1 CAIXA
1.1.1.1.1 Caixa escritório
1.1.1.1.2 Caixa do Marcelo
1.1.2 CONTAS TRANSITÓRIAS
1.1.2.1 Acerto
1.1.2.2 Relação de troca
1.1.3 BANCOS
1.1.3.1 CONTAS CORRENTES
1.1.3.1.1 Banco do Brasil – Marcelo – C/C
1.1.3.2 CONTAS APLICAÇÕES
1.1.3.2.1 Banco do Brasil – Marcelo – C/A
1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE
1.2 – NÃO CIRCULANTE
1.2.1 – IMOBILIZADO
1.2.1.1 – Depreciação
1.2.1.2 – INVESTIMENTOS
1.2.1.2.1 – BENS MÓVEIS
1.2.1.2.1.1 – Veículos
1.2.1.2.1.2 – Máquinas e Equipamentos
1.2.1.2.1.3 – Consórcios
1.2.1.2.2 – BENS IMÓVEIS
1.2.1.2.2.1 – Imóveis e Instalações
1.2.1.2.2.2 – Galpão
1.2.1.2.2.3 – Terra
2 – PASSIVO
2.1 – CIRCULANTE
2.1.1 – FORNECEDORES
2.1.1.1 – Fornecedores à pagar
2.1.1.2 – Cheques a compensar
2.1.1.3 – Cartão de Crédito a pagar
2.1.2 – INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – CURTO PRAZO
2.1.2.1 – BANCO DO BRASIL
2.1.2.1.1 – Banco do Brasil – Custeio
2.1.2.1.2 – Banco do Brasil – Investimentos
2.2 – NÃO CIRCULANTE
2.2.1 – INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS – LONGO PRAZO
2.2.1.1 – BANCO DO BRASIL
2.2.1.1.1 – Banco do Brasil – Investimentos
2.2.2 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.2.2.1 – Capital Social
2.2.2.2 – Reservas
2.2.2.3 – Lucros/ Prejuizos
3 – LUCRO BRUTO
3.1 – RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
3.1.1 – RECEITA OPERACIONAL BRUTA
3.1.1.1 – VENDAS
3.1.1.1.1 – VENDAS AGROPECUÁRIAS
3.1.1.1.1.1 – VENDA DE PRODUTOS
3.1.1.1.1.1.1 – Venda de Soja
3.1.1.1.4 – ENTREGA FUTURA
3.1.1.1.4.1 – Venda p/ Entrega Futura
3.1.1.2 – DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
3.1.1.2.1 – Descontos concedidos
3.1.2 – IMPOSTOS E ENCARGOS S/VENDAS
3.1.2.1 – Funrural
3.1.2.2 – Senar
3.1.2.3 – Fethab
3.1.2.4 – Iagro
3.2 – CUSTO PRODUTOS VENDIDOS
3.2.1 – CUSTO PRODUTOS VENDIDOS
3.2.1.02 – (-) CPV – Soja
6 – CUSTOS E DESPESAS
6.1 – CUSTOS
6.1.01 – CUSTOS C/ PESSOAL
6.1.01.1 – Remuneração a empregados
6.1.01.2 – Encargos Sociais
6.1.01.3 – Férias / 13° Salário
8 – RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
8.01 – Venda de Equipamentos
8.02 – Venda de Sucata
8.03 – Receitas Diversas
8.04 – Indenizações de Seguros Recebidos
9 – RESULTADO DO EXERCÍCIO
9.1 – Resultado do Exercício
Como implementar um Plano de Contas Rural
Mapeie as operações financeiras
Faça um levantamento detalhado das operações e transações que ocorrem na propriedade rural. Inclui todas as fontes possíveis de receita e despesa.
Um plano de contas deve ser flexível e adaptado à realidade de cada negócio rural. Propriedades que produzem culturas diferentes ou criam animais podem precisar de uma categorização mais específica.
Menos é Mais
Evite planos de contas excessivamente descritivos e detalhados. O ideal é criar um plano objetivo, claro e de fácil atualização.
Revisar e atualizar o plano regularmente
Como as atividades e necessidades de uma propriedade rural podem mudar ao longo do tempo, então é importante revisar o plano de contas periodicamente para mantê-lo relevante.
Capacitar a equipe
Todos os envolvidos na gestão financeira devem compreender a importância e o funcionamento do plano de contas para que o processo de registro de informações seja eficiente e correto.
Utilize um Software de Gestão
Com a tecnologia aprimorando a gestão, o plano de contas rural se torna uma ferramenta ainda mais eficiente, promovendo decisões assertivas e contribuindo para o crescimento sustentável da fazenda.
Soluções especializadas, como o sistema +Gestão da Connectere, simplificam a criação, personalização e manutenção do plano de contas, integrando-o à contabilidade e à gestão financeira de forma prática e eficaz.
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Assistente de Marketing na Connectere Agrogestão. Atuo com Marketing Digital desde 2020 e atualmente sou responsável pela redação de artigos na Connectere.